5. Vontade de não te amar
Escrito segunda-feira às 00:33
Encostada ao braço direito do sofá permanecia calada, observando as gotas de chuva a baterem no vidro fino da janela. Eu sempre achei que a felicidade é chamada por sentimentos grandiosos. Sabes aquela sensação de receber uma mensagem inesperada a meio da noite? Ela vem devagar, para que possas degustar cada palavra como deve ser. Aquela mensagem é simples e única e tornará a tua madrugada mágica, fazendo-te adormecer de novo com um sorriso no rosto.
Por vezes pergunto-me quem és tu, que me roubaste as palavras e, tiveste a capacidade de, ao mesmo tempo, ganhar as minhas linhas. Não consigo fazer a distinção do que em ti é real e do que é puro fruto da minha imaginação. Não me faz bem sonhar contigo e acordar a pensar em nós, acordar no frio sabendo que tu não estás a meu lado para me ofereceres um pouco do teu calor humano. Por mais que encurtem as distâncias, que facilitem o amor... Eu apenas preciso de ti, que me olhes, que me toques, que me ames!
O amor também se cansa de se refugiar no peito... Somos apenas nós, imaturos, pouco educados, vilões, desalmados... nós, que não sabemos amar. Mesmo assim, eu continuo a amar-te, com esperanças que a tempestade do meu coração acalme e eu possa dormir em sossego, sem vazios.
As palavras que teimamos em não desabafar ficaram presas nas nossas gargantas, por medo de nós próprios, enquanto as mesmas flutuavam à nossa volta. Estavas nervoso e de braços cruzados, alternando o peso do corpo de um pé para o outro de dez em dez minutos. Eu mordia o lábio, tentando impedir-me de te dizer ao ouvido algo doce. Olhamo-nos quietos. Sinto um formigueiro no meu peito e de novo, as tão conhecidas borboletas na barriga. Imagino todas as palavras que nem um nem outro conseguia dizer e juntei-as a nós. Nem precisámos de dizer nada. O silêncio falou por nós.
Ps: Eu amo-te.