6. Untitled
Escrito sexta-feira às 18:05
Um dia
fizemos uma promessa, unimos os nossos mindinhos e dissemos que nunca
esqueceríamos. Combinamos que seria para sempre, que iríamos estar juntos e
lutar contra o orgulho afirmando ganhar dita batalha. Sabes, eu sempre tentei
entender o nosso meio-fim, sempre fiz os possíveis e os impossíveis para te
compreender, a ti, a nós e ao que nos unia, sempre tentei perceber o nosso
adeus, que não era adeus, porém, nunca consegui. Recuo no tempo e relembro a
altura em que éramos inseparáveis e tento mais uma vez perceber onde errei.
Sinceramente não entendo, talvez tenha sido falta de esforço da minha parte,
falta de vontade, talvez falta de maturidade, mas acima de tudo, falta de ti,
falta de não ter medo. Sou uma pessoa insuportável, é quase impossível conviver comigo, quero sempre tudo à minha maneira e se não for dessa forma, então
eu não quero mais. De tão diferentes que somos tornamo-nos iguais. Sou uma
pessoa despreparada para lidar contigo, aliás, eu sou uma pessoa despreparada
para lidar com o que quer que seja, sou uma pessoa mimada e desesperada a pedir
mais uma oportunidade para que tudo dê certo, só para não ter de mudar a minha
rotina e ter-te de volta. Na verdade, ao início era apenas isso, mas depois
tornou-se algo mais que uma simples rotina, o meu mundo passou a girar à tua
volta, concentrava-me só em ti e esquecia tudo e todos, tornou-se algo a que eu
chamava de vício diário. Mas sabes? Outro dia eu estava a ouvir a rádio e de
repente tocou aquela música - a nossa música. Eu chorei, parei de pensar, não
senti, mas também não lembrei. Nesse momento senti que o tempo é o melhor
remédio, que não valia a pena chorar por algo que jamais iria voltar. Quando
entrava na internet, tu já não eras a primeira pessoa que eu ia ver se estava
online, já não abria a janela de conversação e escrevia que tinhas saudades e, de seguida apagava por medo da tua resposta, por medo que não dissesses que também sentias
a minha falta, já não ficava horas a fio contemplando o visor do meu telemóvel
com esperanças de a qualquer hora receber uma mensagem tua, já não lia
repetidas e inúmeras vezes o nosso histórico de mensagens, substitui o plano de fundo do meu computador por uma foto minha. A partir de agora era eu,
apenas eu. Escondi todas as lembranças porque simplesmente eu não queria mais
lembrar-me de nada, não queria ter novamente uma recaída, tal como as que já
tinha tido. Mas quando eu estou tentando fugir de nós, algo faz com que eu
traga tudo de volta, faz lembrar-me de ti. E aí pergunto-me: Que é que eu quero
enganar? Eu não sei esquecer-te. Nunca vou conseguir arrancar-te de mim na
totalidade. Sempre que me lembro de nós eu choro, lembro-me do nome dos filhotes
que íamos ter, de quando dissemos que íamos fugir só os dois para bem longe,
de quando dizias que eu era tua e de mais ninguém… De quando me "amavas"… Sei que
tu não fazes o mesmo, que não ages da mesma maneira que eu e não encaras tudo
isto tal como eu encaro… Talvez tu não sintas falta de tudo, talvez nem penses
em mim. Tornei-me tanto ‘tu’ que agora não consigo voltar a ser ‘eu’. E mais
uma vez eu tento apagar-te da minha memória, mas depois vejo-te na rua, mas não
és tu, ouço a tua voz, mas não é a tua… Na verdade, lá bem no fundo, eu não te
quero esquecer. Eu não quero entregar o meu amor a mais ninguém, quero ficar no
‘nosso’ cantinho, lembras-te? Às vezes dá-me vontade de bater-te, aleijar-te,
para que possas perceber que nem mesmo a dor física se compara à dor que sinto
no meu coração. Espero um dia encontrar-te e nem te reconhecer, não reconhecer
o jeito que ajeitas o cabelo quando estás nervoso que me deixa louca, a forma
como sorris que me dá vontade de te agarrar e não te largar mais, a maneira de
como mordes o lábio, que me deixa com um enorme vontade de te beijar… E lá
estou eu mais uma vez, pensando em ti e nas tuas manias… Definitivamente, eu
não consigo esquecer-te.