3. Querida Lua Cheia
Escrito terça-feira às 22:41
Até nas madrugadas mais frias e infiéis tu me aquecias com o teu calor humano. Provaste-me que não eras nada mais nada menos que alguém que foi embora de vez, mas que não se foi dentro de mim. Levaste-me contigo dentro do teu coração sem que tu próprio o soubesses e, eu deixei que isso acontecesse.
Aquela rapariga forte e sem medos nunca existiu. Não sou mais nada do que uma menina delicada mas infeliz que acredita em qualquer palavra dita num amanhecer solarengo.
Concluí que adormeço a pensar em tudo e mais alguma coisa e, é nesses amanheceres solarengos que acordo com as costas doridas devido a uma noite mal passada depois de um dia cansativo, cometendo o terrível erro de analisar o dia anterior, depois a semana e, a vida, deparando-me com o caos.
Foi a Lua que me fez querer-te tanto... Havia algo mágico naquele luar que iluminava o meu rosto e me fazia brilhar, relembrando-me das nossas mãos unidas, dos dedos entrelaçados e do que me prometeste.
Lembras-te quando me chamaste pela primeira vez de "meu amor"? Eu lembro. E senti-me como se fosse mesmo tua. Lua, maldita Lua. Nas noites de Verão deixo uma nesga da janela do meu quarto aberta, com esperanças que a Lua volte e me peça desculpa, por me ter condenado com este destino incerto, mas ela não pede... Apenas insiste em iluminar-me o suficiente para que eu recorde a tua mão tocando na minha... Sinto-me sem forças e sozinha e, o meu maior desejo é que em mais uma dessas noites de Lua Cheia alguém tocasse na minha mão e dissesse que estava ali para mim, da mesma maneira que tu estavas. Foi mágico, como um sonho, sentir que apenas num roçar de dedos, tive certezas de uma vida inteira. Eu, pelo menos tive e, creio que também tivesses tido.
Queria esquecer todas as memórias ao Luar, mas, não podia. Agora refugiu-me no escuro, consumindo bebidas amargas e fortes, suficientemente capazes de me fazer esquecer de tudo durante um tempo, enquanto sinto a garganta a queimar à medida que saboreio cada gole.
Voltas as responder-me a todas as perguntas? Se não quiseres não respondas a nada, volta apenas.
Etiquetas: amor