2. Diário da nossa paixão
Escrito segunda-feira às 22:07
O meu pobre e frágil coração estava destroçado, de tal maneira que já não aguentava tamanha desilusão... Saboreava cada palavra que escrevia nas folhas amareladas do meu velho diário, contudo, as minhas pernas tremiam a cada vocábulo que redigia docemente, única e exclusivamente para ti. À medida que escrevia, lia em voz alta cada palavra, e todas as letras que as compunham faziam eco na minha cabeça, transformando-se numa suave e doce melodia. 
Não passa pela cabeça de ninguém todas as vezes que, nas noites frias de inverno, junto à minha lareira, tive vontade de queimar aquele diário... de fechar este capítulo da minha vida e parar de escrever definitivamente para ti, livrar-me de algo que me sussurrava boas promessas que jamais seriam cumpridas, livrar-me deste tão forte sentimento... mas, aquela minha mania de colocar vírgulas onde deveria colocar pontos finais perseguia-me!
Desde que partiste que em mim apenas reina um vazio e permanece uma saudade infinita. Estás presente em tudo... todas as vozes que ouço têm o teu timbre, todas as fotografias que vejo têm o teu olhar, todas as conversas que leio têm o teu toque, todos os rostos têm o teu olhar... todas as memórias que guardo carinhosamente, a sete chaves têm um bocado teu... 
Algo a que chamo de meio-termo não permitia que as nossas metades se completassem... ficámo-nos pelas meias palavras, por olhares desviados, por recados, por música e, sobretudo por aquele sentimento quase que inexplicável, no entanto, era apenas o teu amor que me corria pelas veias e fazia o meu coração bater mais forte a cada minuto, aumentando fortemente a minha pulsação. O medo controlava todos os meus movimentos e, impedia que me entregasse a ti... e, tudo se resume a diálogos cortados e a um amor imcompleto. 

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